tag:blogger.com,1999:blog-5295976661520112222024-03-13T10:54:51.601-03:00pausa de mil compassosUnknownnoreply@blogger.comBlogger175125tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-48526045552882866882019-11-24T21:18:00.001-03:002019-11-24T21:18:02.171-03:00cheiros{escrito em julho de 2015}<br />
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bangkok tem um cheiro muito peculiar, que toda vez me intriga e me faz querer tentar descrever. não é um cheiro que se sente toda hora, e nem em todo lugar. mas todas as vezes que o cheiro vem, é inconfundível: cheiro de bangkok.<br />
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é um cheiro acre, e olha que eu acho que nunca tinha usado essa palavra antes, a não ser pra falar do estado. mas é a única que me vem à cabeça quando penso nesse cheiro. é forte, é perfurante. não é um cheiro bom, já que lembra esgoto e comida estragada, mas por incrível que pareça também não é um cheiro ruim. parece impossível, mas apesar da combinação incômoda e nada perfumada, não chega a ser um fedor óbvio. talvez seja porque ele chega sem aviso, e logo passa. vem como um sopro, quase, só que intenso. às vezes acho que ele vem pra me lembrar que estou aqui, pra não me deixar enganar pelos shoppings e pelos ares cosmopolitas: eu não estou em qualquer grande cidade do mundo. eu estou em bangkok.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-14197422169964696592019-07-27T12:16:00.002-03:002019-07-27T12:19:56.067-03:00Parto da Elisa41 semanas completas. Tinham sido 3 dias de contrações que iam e vinham, acupuntura, chás, caminhadas, tampão mucoso saindo... e nada de bebê. Encasquetei que eu precisava comprar uma cesta pequena de vime pra guardar qualquer coisa, virou imprescindível. Fomos então atrás, e tudo que eu pegava na loja gerava um questionamento do marcel. Enquanto isso, na escola, toda uma vida acontecendo, e ao invés de ter ido eu tava ali sendo temperada na ansiedade sem fim. Desisti de todas as compras e chorando falei que só queria ir pra casa. Minha vontade era de entrar numa toca, ficar quieta. Mas tinha que fazer ecografia e cardiotoco, então fomos pra maternidade. “acho que a bebê tava dormindo, vamos precisar repetir o exame porque ela não mexeu”. Tomei glicose na veia, já em frangalhos, e fiz o exame chorando. Será que estava tudo bem? Dessa vez ela mexeu, a ecografia tava ótima e mesmo assim o médico plantonista falou que 41 semanas era pra já nascer, que mesmo o bebê bem começava a ficar arriscado, fez um terrorismo básico. Sorte que me formei em anos de blogs e relatos de parto e muita informação e uma médica que eu confiava muito, e sabia que aquele terrorismo era infundado. Mandei os resultados pra médica, fomos jantar, comi um monte de pimenta em mais uma tentativa cabalística de chamar a bebê. Na volta pra casa, depois de um dia emocionalmente exaustivo e já no meu limite, falei pro marcel: se amanhã, até meio dia, nada tiver acontecido, eu não entrar em trabalho de parto, vou internar e induzir o parto. Não aguento outro dia igual hoje. Chega.<br />
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Fui deitar umas dez e muito, meia noite Clarice me chama, pedindo pra vir pra nossa cama. Cantei pra ela adormecer, e quando ela dormiu eu senti umas contrações. Como já tinha passado muitos dias assim, tentei dormir, mas já não consegui. A dor tava mais forte mesmo, e em silêncio agradeci o trabalho de parto estar começando de madrugada. Ainda fiquei deitada um tempo, mas percebi que era pra valer. Peguei a bola de pilates, coloquei no quarto e fiquei lá rebolando para aliviar um pouco. Depois de tantos dias que tive contração e elas foram embora, resolvi esperar antes de me animar e de chamar o marcel. Se fosse outro alarme falso era só dormir de novo. Mas elas não tavam indo embora, ainda bem, e tavam bem mais doloridas. Chamei ele e falei “começou! Tá de 10 em 10 minutos” Dei risada de mim mesma porque dias antes estava falando que tava com medo de não saber reconhecer quando começasse de verdade. Ha ha, pelo menos comigo não tem como não saber. Coloquei música de uma playlist que fiz pro parto e logo me irritei com algumas músicas. Refiz a lista bem mais enxuta, acho que tinham duas músicas só que eu queria ouvir. Fui entrar no chuveiro, mas a luz do banheiro era muito forte e não queria ficar no escuro. Peguei então o abajur do quarto e empolerei ele no cantinho da pia estreita. Tempos depois, quando lembrei dessa cena, achei muito engraçado, mas na hora fez todo sentido. Eu me agarrava a cada contração, respirava fundo. Nessa hora, tocava uma <a href="https://www.youtube.com/watch?v=jC8lqAwBycs">música</a> que diz “siente que el momento llega... siente: estamos ayudando, lo divino está contigo”.<br />
Ouvir essa parte do “estamos ayudando” me emocionava muito. Na quinta-feira eu tinha passado a manhã com contrações, e vivi um processo bem lindo: entrei no chuveiro me agarrando a cada contração torta que vinha. Começou a tocar “canto da sereia”, da Marisa Monte, e pedi então pra iemanjá me ajudar. De repente me arrepiei toda e comecei a chorar, enquanto me vinham em pensamento todas as mulheres que cruzam e cruzaram meu caminho. Vieram as mulheres da minha família, amigas de infância; amigas que falo todo dia, amigas de quem me distanciei por tantos motivos, mulheres que me inspiram, que são fortaleza - e eu nem mesmo sabia. Era como se fosse um trabalho coletivo, e eu chorava sem nem entender bem, e continuava arrepiada naquele momento tão forte e lindo. Ali, na madrugada de sexta pra sábado, ouvir essa música me trouxe de novo essa sensação: eu não estou sozinha, tem muitas mulheres comigo. Me agarrava mais uma vez a cada contração, e reparei que elas estavam menos espaçadas. Chamei o Marcel e pedi pra ele marcar, e assim como no parto da Clarice, tinham passado de intervalo de 10 minutos pra um intervalo de 3. Ele ligou pra médica, que achou melhor irmos logo pro hospital. Como era segundo parto, tudo pode acontecer mais rápido. (spoiler: ou não).<br />
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Acordamos minha sogra, que estava lá em casa, e liguei pra minha irmã pra avisar também, pra ela ir logo cedo lá pra casa ficar com a Cla, mas ela não atendeu. Não sei se mandei mensagem, acho que não. Pus um vestido e meu colar amuleto, e não tirei a última foto da barriga, pra não acordar a Clarice. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-uNyQmjyAbUs/XTxpcS1u8aI/AAAAAAAAIok/h621v-yPFjckfgJ89L1jSQ_GBXPZdcclACLcBGAs/s1600/IMG-3962.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-uNyQmjyAbUs/XTxpcS1u8aI/AAAAAAAAIok/h621v-yPFjckfgJ89L1jSQ_GBXPZdcclACLcBGAs/s320/IMG-3962.JPG" width="240" height="320" data-original-width="1200" data-original-height="1600" /></a></div>(última foto da barriga foi essa, de sexta à tarde)<br />
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Pegamos as malas, prontas há tantas semanas, e atravessamos a cidade no meio da madrugada. Fui atrás com as contrações, e enquanto respirava fundo, começou a tocar na rádio uma <a href="https://www.youtube.com/watch?v=j9tAJ3ZyLMY">música</a> que me levou de volta à adolescência, quando as madrugadas eram de festas e baladas. Sei lá porque pensei nisso, mas fiquei meio rindo dessa vida, das mudanças que vem. Chegamos na maternidade vazia e demos entrada nos documentos enquanto esperávamos minha médica. Dra. Renata logo chegou e fomos ver quanto de dilatação eu tava: 4cm. Achei o máximo! Só tinha umas 3 horas de trabalho de parto e 4cm! Na outra vez fui ter essa dilatação já com quase 10h de tp. Ficamos num quarto na maternidade, eu, Marcel e a Renata. As dores estavam mais intensas, e eu sentava na bola e puxava a maca. A cada contração minha reação era me contrair também, e aí eu pensava que a bebê tinha que vir, e tentava me concentrar e relaxar, ir me abrindo. Fui pro chuveiro e deixei a pobre médica ouvindo um mantra, que estava na minha lista, e que era enorme, meia hora de repetição. Escrevendo assim é até engraçado, mas lembro de estar no chuveiro quente ouvindo de longe o tal mantra (que é <a href="https://www.youtube.com/watch?v=rA_-JoZGZAs">lindo</a>) e pensar nisso da Renata lá sem poder trocar a trilha sonora. Ela pediu um lanche pra mim, e quando voltei pro quarto fui comendo entre as contrações. Eu não sabia se estava lá há muito tempo ou pouco. Parecia não passar, minha sensação era que não tinha nada acontecendo, apesar das dores e contrações. Eu acho que comecei a vocalizar nessa hora. Só lembro mesmo de sentar na bola e me segurar na barra da maca, me jogando pra trás, tentando deixar a contração vir e fazer seu curso. <br />
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De repente foi hora de irmos pra sala de parto. Eram 5 da manhã quando fomos. A sala é ótima, tem banheira, banqueta, aquele pano pra puxar que é maravilhoso, barras... mas achei estranho não ter janela. E tinha também um relógio imenso na parede, ali marcando tudo. Aqui as memórias vão ficando meio confusas, não lembro muito a ordem das coisas. A dor foi ficando muito intensa, e toda hora me dava vontade de ir ao banheiro. Lá ia eu com o Marcel, ficava algumas contrações no banheiro, e voltava. Eu tava cansada, depois me liguei que tava sem dormir desde a manhã do dia anterior, já que eu tinha deitado e as contrações começaram em seguida. Então a exaustão era grande. Dor, muita dor. Comecei a chorar. Acho que chorei muita coisa, até hoje não sei bem tudo. Chorei a gravidez talvez, chorei minhas dúvidas, chorei o cansaço. Em uma das muitas idas ao banheiro, falei pro Marcel “eu sei que eu dou conta, mas eu não to dando”. Eu sentia que não ia conseguir, por mais que soubesse que eu já tinha parido, que eu dava conta, minha sensação era que dessa vez não ia dar. Entrei na banheira, que aliviou um pouco a dor intensa. Gritava muito e xingava também, uns meio palavrões entrecortados pela dor. Lembro de sempre ficar pensando “vem, bebê. Vem, bebezinha”. E nessa hora na banheira do nada me veio “vem, Elisa”. Levei até um susto, não tinha pensado nesse nome. Mas a dor era maior que a epifania. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-vUcOeJ6OFkM/XTxqJ43vnBI/AAAAAAAAIos/Loo6higWgXcscOyNLatNIEhKZ8LkFdb3QCLcBGAs/s1600/bea1347e-3fa0-44fd-90b8-26ac610f90f8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-vUcOeJ6OFkM/XTxqJ43vnBI/AAAAAAAAIos/Loo6higWgXcscOyNLatNIEhKZ8LkFdb3QCLcBGAs/s320/bea1347e-3fa0-44fd-90b8-26ac610f90f8.jpg" width="320" height="319" data-original-width="439" data-original-height="438" /></a></div><br />
A progressão da dilatação tava bem lenta, horas depois e estava em “quase 6cm”. Como assim quase 6? Eu cheguei lá com 4! Já tinha passado muito tempo... veio a sensação que não ia dar conta. A Renata já tinha feito um pouco de spinning babies, uns exercícios que ajudam a encaixar o bebê, e que eu tinha feito na gravidez também, mas nada. Ela perguntou se eu queria romper a bolsa, pra ver se acelerava um pouco a dilatação, e eu topei. Ela rompeu e vi que tava com uma cor estranha: mecônio. Gelei. Ela me tranquilizou, disse que os batimentos estavam ótimos. Passado mais um tempo ela me examinou pra tentar ver a posição da bebê, e viu que ela estava “tortinha”, com a cabeça de lado. Juntei essa informação com o mecônio e meu cansaço e perguntei se ia precisar de uma cesárea. A essa altura eu já estava quase querendo a cesárea, a sensação de que não ia dar era muito grande. A Renata disse que ainda tínhamos algumas opções, e eu acreditei. Mas nisso a dor era absurda. Eu não aguentava mais, eu não sabia pra onde ir com tanta dor. Pedi anestesia, talvez tenha sido antes disso. Como nas consultas antes eu tinha pedido pra Renata não me oferecer anestesia, ela meio que fingiu que não me ouviu. Sei que eu sentava na bola, puxava o rebozo e gritava, gritava. Ouvia vários choros de bebês nascendo nas salas perto e ficava agoniada, que horas ia chegar minha vez? A Renata sugeriu fazermos mais um pouco os exercícios do spinning babies, pra ver se ajudava a encaixar, e eu disse que só com anestesia, que eu não aguentava mais. Nessa hora o Marcel me olhou e acho que entendeu que não tava dando mesmo. Depois ele me contou que no parto da Clarice eu fazia umas caras de desespero, mas que dessa vez era diferente, e ele percebeu que tava pegando mesmo. A médica chamou a anestesista, que chegou brincando que eu ia amar ela mais do que minha médica. Tomei a anestesia, fizemos o spinning babies e... dormi. Quando a dor passou acho que eu relaxei tanto, e tava tão cansada, que apaguei na sala de parto. Não sei quanto tempo, pra mim pareceram horas. Acordei meio sem saber onde eu tava, mas acordei renovada. Só que aí as contrações tinham parado... a Renata falou pra eu andar, pra ver se voltavam. Fui andando, com o acesso (na consulta anterior ao parto eu tinha perguntado se precisava colocar acesso, porque eu não queria, mas lá estava ele), e nada. Vinham umas contrações mixurucas, não duravam nada, diferente das outras que eu sentia que eram super potentes. Como não tava voltando, a Renata falou pra colocar ocitocina, pro trabalho de parto pegar de novo. Eu falei que ok mas perguntei se podia tomar outra anestesia caso doesse muito de novo. Acho que fiquei um pouco com medo da dor, ela tava me paralisando. E aí veio a ocitocina – e é a questão com intervenção, uma coisa vai levando a outra e a outra. As contrações voltaram, com força, e ficar em pé era o que ajudava. Eu não sei mais o que estava pensando, sei que sentia que tava perto mas ainda faltava muito. Quando tomei a ocitocina, a Renata disse que íamos esperar um tempo x, que se não tivesse tido nenhuma progressão iríamos precisar fazer por via superior – cesárea. Eu tava bem entregue nessa hora. Lembrei do mecônio, da posição torta, e pensei que seria como tivesse que ser. Que ia ser da melhor forma. <br />
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Depois de um tempo de contrações, mais um exame: 8cm de dilatação, bebê encaixada, tá quase! Nessa hora me deu uma fome descomunal, e a dra Renata conseguiu afanar um iogurte pra mim, e foi me dando de colher entre as contrações, que pareciam nem espaçar mais, enquanto eu estava em pé, dobrada na maca. Ouvi uma mulher gritando na outra sala e falei: “finalmente outra gritando! Só ouvia os bebês chorando, que bom que não to sozinha!” Acho que nessa hora pedi anestesia de novo. Não sei quando foi, na verdade, mas sei que tomei mais um pouco de anestesia quando o bicho pegou. E aí fui pra banqueta. Essa foi outra questão da anestesia: eu não sentia as contrações, não sabia que horas fazer força e nem sabia fazer a força. Na verdade, quando ela falava “tá vindo a contração, faz força”, eu me concentrava e achava que tava lá arrasando, e ela “não, vc não tá fazendo força, aqui, ó, empurra meu dedo”. E só assim eu conseguia ter algum controle pra saber a força que era. Ainda no expulsivo eu comecei a sentir a contração vindo, mas sem dor, e fiquei toda animada porque pelo menos sabia que era a hora de fazer força. Fomos assim, Marcel atrás de mim me segurando e apoiando, Renata me ajudando nesse momento, quando senti direitinho, sem a dor e ardência do círculo de fogo, a cabeça passando. Parecia em câmera lenta, aquela sensação da cabeça chegando, do corpo fazendo o que precisa, e num pluft o corpinho todo. Ela veio direto pro meu colo, não chorou e meu mundo parou um pouco, fiquei aflita. “chora, filha.” O choro veio forte, meu alívio também. Segurei aquele pacotinho, de novo não acreditava, bem-vinda, filha, bem-vinda. Nasceu às 11h52, na beirinha do “prazo” que eu tinha dado, com 50cm e 3,735kg, com 41 semanas e 1 dia, em um sábado de lua crescente, me transformando em mãe de duas e enchendo a vida de amor.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-ExoQv2DDMqE/XTxqnd0xobI/AAAAAAAAIo0/KLXXS9_chVoReZjMl4XwMUHe9_TJX-ZXACLcBGAs/s1600/3d5bcd9f-6b60-462c-9c10-d23f2051cbb9.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-ExoQv2DDMqE/XTxqnd0xobI/AAAAAAAAIo0/KLXXS9_chVoReZjMl4XwMUHe9_TJX-ZXACLcBGAs/s320/3d5bcd9f-6b60-462c-9c10-d23f2051cbb9.JPG" width="156" height="320" data-original-width="622" data-original-height="1280" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-FkUR7H3eWQw/XTxqnaj_7UI/AAAAAAAAIo4/T9dtBep4crITEEJohBHiLuvpvY8ssuMYQCLcBGAs/s1600/IMG-3979.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-FkUR7H3eWQw/XTxqnaj_7UI/AAAAAAAAIo4/T9dtBep4crITEEJohBHiLuvpvY8ssuMYQCLcBGAs/s320/IMG-3979.JPG" width="320" height="241" data-original-width="1600" data-original-height="1203" /></a></div><br />
Foram praticamente 12 horas de trabalho de parto, de travessia, com uma médica-parteira muito respeitosa e querida e o Marcel novamente dando todo suporte e força que eu precisei. Tentei me entregar a cada contração, senti medo, orgulho, coragem; mergulhei, fiz cocô, dei risada, chorei, perdi a noção do tempo e espaço, olhei cada ponteiro do relógio, trouxe uma vida ao mundo. Do jeito que precisava ser, como eu acredito que todo parto é. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-q8D_6JTeR-8/XTxq3WwukiI/AAAAAAAAIpA/6PTOHn1pSQUciYREx06R55i5wPl4pdp0QCLcBGAs/s1600/IMG-3990.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-q8D_6JTeR-8/XTxq3WwukiI/AAAAAAAAIpA/6PTOHn1pSQUciYREx06R55i5wPl4pdp0QCLcBGAs/s320/IMG-3990.JPG" width="240" height="320" data-original-width="1200" data-original-height="1600" /></a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-36849511821764665252019-06-16T11:49:00.002-03:002019-06-16T11:49:51.501-03:00domingo Pequena crônica de uma manhã de domingo<br />
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“Mãe, vamo andar de bici?”<br />
Vamos, claro, deixa só eu dar um mamá pra elisa que ela tá chorando.<br />
Opa, fez cocô, vou trocar. Ixi, vazou de novo, será que a fralda tá pequena? Será que não to colocando direito? Troca, limpa, pega outra roupa, eita nariz tá sujo, limpa também, ai esse olho não para de remelar, faz nota mental para marcar a pediatra desse mês e outra nota mental para lembrar de perguntar do olho. Tudo limpo, só colocar no sling agora, filha.<br />
Abre o tecido, vai colocando, “olha mãe, você é um camelo, vou te levar pra passear”, enquanto puxa o tecido. Pera, filha, solta aí, vou colocar elisa. Decifra o tanto de pano, olha pra baixo: tudo torto. A Nathália de antigamente, deusa dos slings, rainha das amarrações, poderosa do colinho, me julga fortemente. Tira bebê, desamarra pano, começa tudo de novo. “Mãe, esse pano é lindo, parece um vestido”, enquanto se enrola no que sobra de pano. Filha, preciso colocar pra gente ir andar de bici, aguenta aí. Coloca o sling, coloca bebê. Faz nota mental pra procurar uns vídeos de amarração de sling porque socorro eu fazia isso com o pé nas costas. Tá menos torto, dá pro gasto, bora que elisa já começou a chorar.<br />
E ainda tem uma festa de aniversário de tarde. <br />
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-12718201121884967922018-04-21T15:49:00.001-03:002018-04-21T16:13:13.051-03:00coragema coragem está justamente em pular sem garantia nenhuma. é mergulhar no desconhecido sem saber o que vem depois, o que espera na curva, confiando apenas naquilo que impele, que move, que faz pulsar. a coragem é feita de trama fina, mas resistente. passa às vezes despercebida pelos olhares mais desatentos. não se reveste de certezas nem redes de proteção, mas se forja no vento que bate na pele quando do pulo, no coração que bate ligeiro, no frescor simples de acreditar. não é de matéria frágil que a coragem é feita, e nem da insensatez. ela é construída em força, desejo e um ímpeto incontido de pegar a vida pelas mãos.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-42491492821295423762018-04-21T15:46:00.001-03:002018-04-21T15:46:11.736-03:00quarta-feiraé uma quarta-feira comum, como tantas outras e tantos dias. na hora da saída um menino de sete anos sai correndo para encontrar o pai e contar, orgulhoso, que fez um caça-palavras e achou a palavra folha. uma criança - e duas, e dez - pedem só mais cinco minutos pra brincar, e os pais suspiram, resignados que os cinco minutos vão bem virar uns quinze. uma bebê dorme no colo da mãe, depois de uma manhã cheia de frutas no pé, brincadeiras, aprendizados. algumas crianças correm pro almoço, uma pequena corre pra me dar um “abraço de urso daqueles nossos apertados”, um menino de três anos toca o sino do portão e ri. mães e pais trocam sorrisos e cumprimentos, procuram chinelos, carregam mochilas, perguntam do dia. eu fico ali no portão, olhando isso tudo com o coração cheio. é uma quarta como outra qualquer, mas que sorte incrível ver essa felicidade toda se desdobrando bem na minha frente. Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-9788655144953535752018-04-21T15:45:00.001-03:002018-04-21T15:45:41.090-03:00porteiraeu adoro minha função “porteira” na escola; adoro dar bom dia, boa tarde, oi e tchau pra todo mundo, adoro cumprimentar as pessoas, adoro ver as crianças chegando com as carinhas de sono, pressa e animação e indo embora cheias de terra e histórias. adoro ver o quintal ganhando vida, observar as professoras recebendo cada um com um sorriso tão grande e tão sincero, ver os amigos se abraçando felizes. e adoro olhar os detalhes: as flores, os vidrinhos coloridos refletindo o sol, os calangos passeando, as frutas crescendo. e às vezes olhar pra cima e lembrar de respirar e agradecer. e respirar mais um pouco. 💙Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-14284763573957908012018-04-21T15:44:00.002-03:002018-04-21T15:52:40.238-03:00seis horasseis horas da tarde, sexta-feira, a escola toda em quietude. hora de ir cuidando dos detalhes: carregar a pirâmide pra um lugar coberto, fechar uma porta que ficou aberta, apagar alguma luz que esqueceram acesa, guardar a garrafinha perdida no quintal. vou andando pela escola vazia e pensando em tudo que aconteceu ali nas últimas horas de um dia bem cheio. as brincadeiras no quintal, as estudantes de pedagogia que vieram fazer pesquisa; as aulas de música sobre diferentes etnias indígenas, a criança nova que estava indo pra escola pela primeira vez, o menino que pediu minha ajuda pra aprender a descer pelo “cano do bombeiro”, as comidinhas feitas de lama e folha, as bocas sujas de feijão e as barrigas cheias. também os conflitos e brigas, os “é meu”, “não gosteeei!”, “não me empurra!”; os convidados do creas que foram conversar sobre diversidade, gênero e respeito; o pequeno que passou mal, a reunião que precisou ser remarcada, a impressora que não funcionou, os abraços compartilhados, as gargalhadas sem fim... cada dia aqui é infinito, parece, porque cabem coisas que a gente nem imagina. vou andando pela escola quieta, vazia, e achando bonito esse tanto de coisa, pequena e grande, que compõe o emaranhado do dia a dia.<br />
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-12728481905763949072017-07-25T14:52:00.000-03:002017-07-25T14:52:02.359-03:00passosfilha, hoje eu aprendi que preciso confiar nos seus passos. vc queria atravessar por aí, como seus amiguinhos estavam fazendo com tanta tranquilidade, e eu fiquei te dando a mão. até que vc falou que queria ir sozinha, que vc conseguia, e eu falei que eu tinha medo. tentei pegar sua mão de novo, e vc não deixou. "eu consigo, mamãe." e foi. concentrada, com seu passo pequeno e tão confiante, determinada como vc sempre é. eu fui logo atrás, segurando a respiração e repetindo como um mantra que preciso confiar nos seus passos. vc atravessou, ficou feliz e orgulhosa, e eu também. o coração acelerado, pensando "e se...". mas confiando. assim vai ser, filha, por todo o tempo: eu aprendendo a confiar nos seus passos, nas suas escolhas. sabendo que às vezes vc vai cair e eu vou precisar ser forte pra te amparar. sabendo que muitas vezes vc vai me mostrar ser mto mais capaz do que eu julgo, me ensinando que meu papel é te encorajar e deixar ir. não achei que fosse ser difícil, mas a gente se surpreende com muita coisa. vai, minha menininha, vai ser feliz e corajosa. eu estarei sempre aqui. com amor, mamãe 🖤 #paraclarice<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-sqEa7PST_J8/WWzETbkwkUI/AAAAAAAAIQU/RySuLUAqrGUu49vrINxsd5vXZhDBwkLVwCLcBGAs/s1600/UNADJUSTEDNONRAW_thumb_1762.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-sqEa7PST_J8/WWzETbkwkUI/AAAAAAAAIQU/RySuLUAqrGUu49vrINxsd5vXZhDBwkLVwCLcBGAs/s320/UNADJUSTEDNONRAW_thumb_1762.jpg" width="240" height="320" data-original-width="768" data-original-height="1024" /></a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-58228208687832445942017-07-25T14:51:00.000-03:002017-07-25T14:51:51.754-03:00brincoquando a clarice nasceu, optamos por não colocar brinco nela bebê; queríamos que ela pudesse escolher se quisesse colocar, e achamos que seria um sofrimento desnecessário numa bebezinha - sensação que só intensificou depois de muitos exames de sangue por causa de icterícia. já tem uns bons meses que ela pede pra colocar brinco e fazer furo na orelha, mas combinei que antes ela ia precisar parar de mamar, porque brinco era coisa de menina grande. durante o desmame não falei muito disso porque um dia ela mamoumamoumamou, terminou e falou "cabei o mamá, cadê meu binco?". mas pra mim era um marco que fazia sentido... e assim foi. hoje, nas vésperas de completar 3 anos, cheia de coragem e pomada na orelha, clarice ganhou seus brincos. ficou toda feliz e orgulhosa, rindo à toa no espelho e falando "nem doeu, foi só uma fomiguinha e passou!" valeu muito a pena esperar! 💗<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-ODE80TsgfWE/WWzFRdYTOlI/AAAAAAAAIQc/3VfgLNmJC9gVREuz9TYfKkj_TDUjhmZ3QCLcBGAs/s1600/UNADJUSTEDNONRAW_thumb_138f.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-ODE80TsgfWE/WWzFRdYTOlI/AAAAAAAAIQc/3VfgLNmJC9gVREuz9TYfKkj_TDUjhmZ3QCLcBGAs/s320/UNADJUSTEDNONRAW_thumb_138f.jpg" width="320" height="320" data-original-width="960" data-original-height="960" /></a></div><br />
[escrito em 12/05/2017]<br />
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-18120764291207341972017-07-22T22:20:00.000-03:002017-07-22T22:20:38.403-03:00desmameforam mtas tentativas de desmame; teve a vez que a dentista fez terrorismo e disse que as cáries eram da amamentação. e eu acreditei, cheguei em casa de noite e falei que não ia ter peito, e a clarice chorou muiiiiito, e eu chorei muito tb, até desistir depois de 1h e dar mamá pra ela, as duas soluçando e eu abraçando ela forte. eu falava nessa época que queria desmamar, mas não estávamos prontas. teve tb no natal, que ela passou dois dias sem pedir e eu pensei que pronto, tinha desmamado assim, sozinha e do nada. mas, risos, claro que não. teve as vezes que eu quase surtava de madrugada, exausta e irritada. teve a vez no carnaval, que eu tive que ninar ela no colo duas madrugadas, peguei uma gripe braba e desisti pq precisava dormir. e teve a vez que foi, de verdade, o desmame. não teve combinado, não falei que ela era grande (pq ela sempre respondia isso com um gugu-dadá com voz de bebê, falando que era pequenininha), e tb não teve raiva ou surto. era o segundo dia que ela mamava demais de madrugada, e eu tirei o peito uma hora e disse pra mim mesma: "chega". e nos outros dias ofereci água e banana. e falei que o memê, como ela chama, tinha acabado. tiveram alguns dias de choro, de pedir o memê, e até um dia que acordei de madrugada com ela mamando, haha. ela já falou que qnd for bebezinha de novo vai mamar mto, às vezes ainda pede e diz que é pequena. eu digo que ela é pequenininha sim, mas mesmo assim o memê acabou. tem dias que ela pede pra abraçar o memê, dá beijo e diz "eu te amo, memê fofinho!" eu acho lindo, mas acabou. percebi que foi uma mudança de hábito, que eu dava mamá pq era prático e cômodo, mas não tava mais curtindo. agora ela pede carinho e música pra dormir, e meu coração explode de amor. às vezes ela dorme sozinha mesmo, e fala que "música não" (preciso contar pra ela que os desafinados tb tem um coração! haha) tô mto feliz e orgulhosa de toda nossa história de amamentação, e mto feliz por ter de fato entendido que existem muitos e muitos vínculos entre a gente. seguimos juntas, sempre. ❤️<br />
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[escrito em 7.maio.2017]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-30068917824900045042017-07-20T22:30:00.000-03:002017-07-20T22:30:51.347-03:00do cansaçohoje, 3 anos atrás, era a data provável do parto da clarice; hoje, um mês atrás, desmamamos; hoje, hoje mesmo, o cansaço e a pressão do mundo levaram o melhor de mim e perdi a paciência com ela de um jeito raro e doído. hoje, como todo dia, eu me derreto de amor. busco forças nem sei onde para encarar os erros como aprendizados, busco paciência como um desesperado no deserto busca água, busco prestar atenção em cada historinha que ela conta e no jeito que ela me mostra que abre a tampa da garrafinha dela com o dedão. eu não quero esquecer nada, mas quanto já se perdeu na memória pra dar lugar a novas experiências, aventuras e descobertas. quanto ainda há por vir, que vai deixar esse dia difícil empoeirado em algum canto. quanto amor, quanta (im)paciência e quantos desafios ainda vamos viver. ser mãe é das coisas mais intensas, malucas e bonitas dessa vida. sorte a minha viver isso com/por ela.<br />
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[escrito em 04.maio.2017]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-34427765322681383482017-07-19T10:31:00.000-03:002017-07-19T10:31:14.625-03:00de bangkokera um calor dusinferno, era caótico e confuso. era cansativo não entender as placas, os vendedores, as pessoas na rua. o trânsito era punk rock e as ruas tinham um cheiro acre que rendeu até um texto "olfativo". mas era bonito. ver as pessoas fazendo oferendas pras pequenas casas de espírito nas ruas era tocante. ver os tailandeses felizes da vida quando eu arranhava todo meu thai era divertido; conhecer templos novos todo fim de semana era inexplicável. morar em bangkok foi uma experiência transformadora, porque não foi um romance lindo de "oh amor à primeira vista, me encantei, amo muito", mas também não foi filme de terror. foi contraditório, intenso, cheio de incoerências e contrastes, como é tudo na vida se a gente olhar de perto. hoje eu morro de saudade, de vontade de voltar e de imensa alegria por ter tido coragem de encarar isso um dia na vida. 🇹🇭 ❤️<br />
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[escrito em 30/03/2017]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-70470136616449327422017-07-19T10:30:00.000-03:002017-07-19T10:30:14.392-03:00furacãoumas semanas atrás passou um furacão por aqui, e foram dias de muito choro, chiliques, contorcionismos, luta livre e um leve desespero (mentira, não foi leve não.) chorei também, perdi a paciência, pedi ajuda, bolei planos mirabolantes, pensei em fugir pro nepal. e aí vi que nada disso tava funcionando, que eu precisava era me lembrar dos meus limites, do que eu não negocio e de como falar isso pra clarice. lembrei que eu preciso brincar mais com ela, daquele brincar de verdade, e preciso também me cobrar menos e entender que nem tudo na vida é culpa minha. e passou. nos dias de furacão eu achei que não ia passar nunca, claro. mas sempre passa. e aí vamos seguindo com mais calma e leveza, lembrando de respirar e esperando o próximo furacão chegar - porque com certeza tem muito furacão esperando a gente ainda. mas tudo bem, a gente vai levando. 💛<br />
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[30.novembro.2016]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-89155674344586535702017-07-17T11:28:00.002-03:002017-07-17T11:30:03.663-03:00a mãemãe de manual. era essa mãe que eu queria ser. a que faz tudo certinho, que é equilibrada e sempre sábia. eu acho que a gente vive tempos de uma maternidade muito prescritiva, com muitas respostas, ritos e fórmulas, pesquisas indicando tudo e fazendo acreditar que criar filho é uma ação-reação linear e previsível (faça isso de tal jeito que o resultado será esse. se não for é pq vc fez algo errado, ops, volta pro fim da fila). e eu gostei disso, acho. achei que era uma corda da salvação, que era tudo que eu precisava, e mergulhei fundo nisso. sim, acho que tem um contexto que pesa muito, mas também me foi cômodo decidir entre aquilo que estava dado como eficaz, certo. mais fácil e menos arriscado que achar meu próprio caminho. <br />
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hoje eu quero achar que faria muita coisa diferente. leria menos sobre maternagem e suas nuances, e mais sobre feminismo e sororidade; leria menos relatos de parto e me olharia mais no espelho; leria menos sobre picos de crescimento e mais poesias. hoje eu tô tentando esse exercício, de me achar no meio dos meus papéis, de parar de me chicotear por não ser a mãe-manual, de fazer escolhas que sejam minhas, mesmo que muito pequenas. e quero lembrar desses gestos mínimos, porque são passos pra alguma coisa, espero. a gente precisa sempre começar de algum lugar.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-k2RaFs1aLNU/WWzJ5XFTP6I/AAAAAAAAIQk/445gVSd2Wtwp4vX_Ie5zc-R9ZsZs9jfNwCLcBGAs/s1600/IMG_3787.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-k2RaFs1aLNU/WWzJ5XFTP6I/AAAAAAAAIQk/445gVSd2Wtwp4vX_Ie5zc-R9ZsZs9jfNwCLcBGAs/s320/IMG_3787.jpg" width="320" height="320" data-original-width="960" data-original-height="960" /></a></div><br />
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[escrito em 05.dezembro.2016]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-26701448470448919552017-07-17T10:52:00.001-03:002017-07-17T10:52:47.029-03:00paredesquando eu engravidei a gente morava em um apartamento de dois quartos que tinha sido reformado pra ser um quarto só - um quarto bem grande, com uma escrivaninha imensa na ponta, uma amplidão que só vendo. e uma das primeiras coisas que pensamos foi: "o bebê vai precisar de um quarto!" (falo sobre essa ilusão em outro post depois, vamos por partes).<br />
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começamos então uma pequena reforma pra levantar a parede e dividir o quarto em dois, e esses dias pensei nessa história e lembrei da angústia que isso me deu. lembro de um dia deitar na cama e chorar, me sentindo claustrofóbica e apertada. acho que na verdade aquela parede, além dos enjoos e da barriga crescendo, materializava a mudança imensa que estava acontecendo, toda a transformação que estava por vir. era uma das primeiras concessões que o meu eu-mãe fazia ao bebê, e acho que me fez pensar em todas as outras coisas que eu abriria mão, em tudo que nunca mais seria o mesmo. <br />
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hoje, vejo como foi bom eu ter tido esse tempo de chorar pela nova parede, pelo espaço perdido, pela rede de proteção na janela que me impossibilitaria colocar a cabeça pra fora se eu quisesse, por todas as inseguranças e medos e tudo mais que veio como um furacão na gravidez. é incrível sim gerar uma vida, mas é também assustador, e acho importante termos tempo e espaço pra lidar com tudo que não são flores.<br />
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[mais um texto antigo que só que vou publicando pra retomar o blog; escrito em setembro/2016]<br />
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Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-89984164189993459512017-07-17T10:49:00.000-03:002017-07-17T10:49:23.804-03:00Dicas de Bangkok - parte 2- tô pensando em retormar o blog e vi esse post que estava no rascunho há um ano e meio (ops!). o comecinho tá todo detalhado, o resto com os pontos que coloquei tanto tempo atras, quando tínhamos acabado de voltar de bangkok e eu lembrava de tudo que fizemos por lá. agora fico lendo e só me bate a saudade e vontade de voltar! fiquem então com um post meio capenga, que em breve eu volto com uns mais terminadinhos. ;)<br />
(e sem foto nenhuma pq troquei de computador e as fotos da tailândia tão no antigo. foi mal!)<br />
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Agora, as dicas de lugares e passeios*:<br />
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* essas dicas são bem pessoais, que fui escrevendo tentando pensar em coisas que nem sempre eram tão óbvias<br />
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• Templos<br />
~ Wat Pho (Buda reclinado) e Wat Phra Khaew (Buda de esmeralda)<br />
O Wat Pra Khaew fica dentro do complexo do Grand Palace, e o Wat Pho bem perto, dá pra ir andando de um pro outro. Pra ir pra região eu acho mais fácil ir de táxi. O Wat Pra Khaew fecha mais cedo (às 15h), e é enorme, então eu sugiro começar por ele. Os dois lugares têm código de vestimenta, então é recomendado ir de calça e blusa sem decote, que cubra os ombros. Nos lugares tem sarongues e lenços pra vender também. No Wat Pho tem a primeira escola de massagem tradicional tailandesa, por um preço justo; vale a pena fazer. Ah! É proibido tirar foto do Buda de esmeralda. O ingresso pro Grand Palace e Wat Pra Khaew dá direito também a um ingresso, válido por 5 dias, pro Throne Hall e Vimanmek Mansion: guarde bem seu ingresso!<br />
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Wat Arun (templo do pôr do sol)<br />
Acho que foi o templo que eu mais gostei (talvez empatado com o Wat Pho), é muito bonito. Fica na beira do rio e tem uma vista incrível, principalmente pro pôr do sol, como o nome sugere. Ele estava em obras, todo coberto por tapumes, mas ainda assim estava aberto a visitas. Quando eu fui as obras não tinham começado, mas a essa altura é capaz de já terem terminado...<br />
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Wat Saket (Golden mount temple)<br />
É uma escadaria imensa, mas vale a pena, tem uma vista linda. É legal saber o dia da semana que nasceu pra dar moedinha pro Buda do seu dia<br />
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Marble temple<br />
Não é indispensável, mas vale a visita; passear pelo lugar e ver a vila dos monges, onde eles moram; é o templo que tem na moeda de 5bath<br />
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• Comida<br />
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Frente do lumpini park (de noite; não funciona segunda)<br />
• noite<br />
Khao san road<br />
Rua dos mochileiros, tem de tudo la. É uma das ruas mais famosas de bangkok pros turistas<br />
Rooftop bar<br />
Tem vários, vale a pena pesquisar na internet e ver qual gosta mais<br />
Silom - patpong<br />
Red light district de bangkok<br />
Nana<br />
Rua em sukhumvit; bts nana; tem mtos bares e boates<br />
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• compras<br />
Mbk <br />
Bts national stadium; vale a pena almoçar lá tb, no food court (dá pra ir no msm dia que for no jim thompson house, é perto)<br />
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Central world ou central chidlom para lojas de marca (bts chidlom, dá pra andar e ir nos 2)<br />
Central World é um dos maiores shoppings da Ásia, tem várias marcas e uma área gratuia bem legal pras crianças brincarem.<br />
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Siam square <br />
Bts siam. É o centro de Bangkok, com muitas lojinhas, restaurantes e comida de rua; é mais "trendy", vale a pena ir<br />
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JJ market<br />
Bts mo chit; é a maior feira do mundo, e só funciona fim de semana. Tem tudotudotudo e é imenso, a dica é ir com paciência e roupas bem frescas. Fica muito perto do Children's Museum, um passeio de graça que tem que ir se vc vai com crianças.<br />
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• cultura e cia<br />
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Jim thompson house<br />
Vale pela arquitetura, é uma casa linda e toda tradicional tailandesa<br />
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Throne hall<br />
Mto lindo! Impressionante. Dá pra ir com o ingresso que ganha no grand palace.<br />
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Asiatiqu<br />
um shopping aberto na beira do rio, tem uma roda gigante e mtos restaurantes legais. Bom para um happy hour, abre às 17h<br />
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Chinatown<br />
Compras, comida de rua, templos<br />
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Passeio de barco pelo rio<br />
A gente usou uma vez pra ir pro Asiatique e foi bem legal, é um meio de transporte que vale a pena dependendo do lugar que vc quer ir<br />
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Bangkok Art and Culture Center<br />
Ateliês e exposições, fica na frente do MBK<br />
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Lumpini park<br />
Mrt (metrô) lumpini ou silom; ou de tuk tuk depois do central world; Parque bem grande e legal; tem lagartos que parecem jacaré; dá pra andar de pedalinho e fazer piquenique; se estiver la as 18h dá pra ver todo mundo parando na hora que toca o hino<br />
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Benjasiri park<br />
Bts phrom phong; tem música ao vivo domingo; é meu parque preferido mas pq o parquinho é legal pra clarice; sempre tem gente fazendo piquenique; bem menor que o lumpini<br />
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Aquário Ocean World<br />
Bts Siam, dentro do Paragon Mall<br />
Tem muita coisa legal, mas é meio caro. Boa opção para um dia de chuva, muito calor ou de muito cansaço<br />
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Andar de tuk tuk<br />
Eles cobram mais caro, mas tem que andar pela experiência!<br />
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Fora de bangkok:<br />
Ir pra ayuatthaya, capital do antigo império. Tem mtas ruínas de templos, bem bonito. Pode ser passeio de 1 dia ou 1 fds<br />
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Floating market<br />
é legal demais ver as pessoas nos barcos vendendo de tudo, passeio bem bacana.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-10810751561699999862016-02-25T14:28:00.001-03:002016-02-25T14:28:23.445-03:00Dicas de Bangkok - parte 1Volta e meia alguém me pede dicas sobre Bangkok, e um tempo atrás eu escrevi algumas coisas que achei que valiam a pena e que nem sempre estão nos blogs e guias turísticos por aí. Resolvi então dar uma ajeitada nas minhas anotações e fazer uns posts bonitinho pra, quem sabe, ajudar futuros viajantes por aí... ;)<br />
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Antes das dicas turísticas, umas dicas gerais e aleatórias:<br />
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- "Wat" é templo em tailandês, você vai ouvir e ler muiiiito essa palavra por lá;<br />
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- BTS é a sigla do skytrain, uma das melhores formas de se locomover na cidade. Bangkok tem o trânsito pesado, horas de engarrafamento... então skytrain e metrô são sempre boas pedidas. Eles costumam ficar bem lotados na hora do rush, mas são fáceis de entender e se virar.<br />
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- Os tailandeses no geral gostam muito do Rei, e é crime falar mal dele ou da família real (lesa-majestade, estrangeiros também podem ir presos por isso). Então é bom tomar um certo cuidado com comentários pejorativos, sarcásticos e afins. <br />
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- A moeda local é o bath (pronuncia bát), e eu fazia uma conversão beeem mais ou menos de R$1 = 10THB. Lembre de trocar seus bath restantes por dólares antes de voltar, porque não dá pra trocar aqui no Brasil.<br />
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- Bangkok tem basicamente 3 estações: quente, muito quente e extremamente quente, então é bom levar roupas leves. Para os templos e lugares reais que não pode entrar de short/bermuda, sugiro aquelas calças fininhas de algodão. Minha calça jeans passou 9 meses guardadinha na mala sem ver a cor do dia. Em compensação, os lugares fechados costumam ter ar-condicionado forte, então um casaquinho leve ou um lenço podem ser úteis também. <br />
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- Em quase todos os templos é preciso ficar descalça pra entrar, e muitos lugares têm vários templos, então é bom ir com sapatos fáceis de tirar e pôr. Parece besteira, mas você vai ganhar tempo e economizar preciosas gotas de suor.<br />
<br />
- Pra pegar táxi você fala onde quer ir antes de entrar, e espera o motorista dizer se ele te leva ou não. Muitas vezes (muitas mesmo...) eles recusam, e te mandam descer do táxi sem problema caso você já tenha entrado. Se o motorista não quiser ligar o taxímetro e te der um valor fixo, pode pegar o próximo, porque ele provavelmente vai cobrar em média o dobro do que você pagaria com taxímetro.<br />
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- As pessoas se cumprimentam com o "wái", colocando as mãos juntas como o "namastê". E falam "sau-a-di-kha". <br />
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- Praticamente todas as casas e prédios têm um sapraphun (casa dos espíritos). Eu adorava observar cada uma e ver as pessoas fazendo oferendas também, então recomendo andar atento por Bangkok pra ver. Depois escrevo um post só sobre isso!<br />
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Acho que deu de dica geral, tem que deixar alguma coisa pra descobrirem ao vivo também, né?! ;P <br />
Próximo post coloco algumas dicas de passeios e lugares. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-hv2_TfM7Se8/Vs85a0p5bhI/AAAAAAAAIHI/5-weoiAxW5g/s1600/IMG_4885.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-hv2_TfM7Se8/Vs85a0p5bhI/AAAAAAAAIHI/5-weoiAxW5g/s320/IMG_4885.JPG" /></a></div><i><br />
na foto: uma sói (ruela), pra mim uma das coisas que mais representa Bangkok</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-47417395661784516242016-01-25T17:39:00.002-02:002016-01-25T17:39:56.367-02:00Bangkok(escrito 6 de novembro de 2015)<br />
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hoje: oito meses que chegamos em bangkok. oito meses de uma vida bem diferente, de muito desapego, de muita coragem, de muitos desafios. de novas e queridas amizades, de saudade doída, de comidas gostosas e estranhas, de um idioma cantado e difícil. meses de muito calor, de achar que 30º é "fresco", de ter saudade e inveja do frio - logo eu, ter inveja do frio! oito meses convivendo com lagartos medonhos no parque, com uma espiritualidade palpável de tão presente e com letrinhas bonitas que já fazem mais sentido. bangkok foi sorrateira, me conquistando aos poucos, testando minha paciência inúmeras vezes e me mostrando que o outro lado do mundo tem muitos encantos... um brinde então a esse mundo mundo vasto mundo!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Tmu2uKtV5qQ/VqZ5_zbvgII/AAAAAAAAIGI/R-shLqaVCjA/s1600/12184985_10153351715930819_5341027550143048373_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Tmu2uKtV5qQ/VqZ5_zbvgII/AAAAAAAAIGI/R-shLqaVCjA/s400/12184985_10153351715930819_5341027550143048373_o.jpg" /></a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-76222690796403507132016-01-25T17:36:00.004-02:002016-01-25T17:44:43.069-02:00Loy Krathong(escrito 25 de novembro de 2015)<br />
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O loy krathong era o festival que eu mais queria ver aqui na tailândia: é quando as pessoas homenageiam os rios (mães d'água, como já vimos em outro post) agradecendo a época de plantio. É também uma chance de mandar embora todas as energias negativas e começar um ciclo de renovação. Pra isso, as pessoas colocam os krathongs (esses "barquinhos") com flores, incenso e vela, nos rios, lagos e córregos. Colocamos os nossos no lago de um parque, e foi bem lindo ver ele todo iluminado e florido.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-WkfS-UNXfBo/VqZ4ljvLnzI/AAAAAAAAIF8/9MMdDq-CjD0/s1600/12095131_10153380697590819_6283713400388929252_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-WkfS-UNXfBo/VqZ4ljvLnzI/AAAAAAAAIF8/9MMdDq-CjD0/s320/12095131_10153380697590819_6283713400388929252_o.jpg" /></a></div><br />
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* pra ler ouvindo essa música <a href="https://www.youtube.com/watch?v=GNJWizHWMxc">aqui</a>, e nem precisa agradecer por ela grudar na cabeça depois ;)<br />
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-38732872474556861742015-06-13T01:33:00.001-03:002015-06-13T01:34:11.451-03:00pensando altoera com carla bruni que eles dormiam depois do almoço. todo dia, todo dia a carla bruni, o mesmo cd, as mesmas músicas. as mesmas doze crianças nos seus colchonetes, rendidas ao sono - algumas depois de uma luta, outras já felizes na entrega.<br />
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as mesmas músicas, e nós três professoras ali do lado. indo e voltando do almoço, arrumando o caos da sala depois de uma manhã ocupada. preenchendo os relatórios do dia, "o fulano comeu arroz e feijão hoje?". enchendo bacias de água pra brincadeira da tarde, porque tá muito quente hoje, acho que eles vão gostar de brincar com água, né? respondendo emails dos pais, das reuniões, lembrando da roupa de uma que sujou de tinta e está em algum canto da sala agora, tem que colocar na mochila. cortando frutas, pensando se a fiona, nossa linda peixinha, comeu muito hoje, lembrando de algum impasse do parquinho e se ajudamos a resolver de um jeito legal.<br />
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a carla bruni, insistente, até a hora de abrir a cortina e ir acordando os sonolentos. tentamos outras músicas, música nenhuma, mas eram essas músicas que eles tinham se acostumado. e acho que a gente também. <br />
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escuto agora o mesmo cd e penso que esses doze meninos e meninas já estão por aí lendo e escrevendo suas palavras, aprendendo mais e mais do mundo, e como eu aprendi também nesses anos todos que já se passaram. por alguns momentos a música me embala e volto praquela sala, pros colchonetes espalhados com suas cobertas, pro cheiro de escola e massinha e tinta e tudo mais que vem junto. e dá saudade, e alegria. e mais saudade.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-67743351654434343922015-05-09T02:03:00.002-03:002015-05-09T02:08:57.361-03:002558, o ano que não acabouA ideia de virmos pra Tailândia existe há muitos anos - muitos mesmo. E desde muito tempo escuto histórias sobre os costumes, crenças e celebrações daqui. Meu maior interesse era por duas dessas celebrações: o Songkran e o Lói Kratong*.<br />
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O Songkran marca o ano novo tailandês, e o que eu entendi, perguntando por aqui e pesquisando, é que ele seguia o calendário solar budista e era cada ano em uma data, marcando o início de um novo ano astrológico, com a chegada do sol em áries. Mas, por volta de 1940, a Tailândia adotou o ano novo internacional e decidiram fixar o Songkran entre 13 e 15 de abril - sim, são 3 dias de comemoração. <br />
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O Songkran é um feriado muito importante na Tailândia, em que tudo pára, e uma época para ficar com a família, festejar, pedir bênçãos e se preparar para um novo ciclo. E vai mais ou menos assim:<br />
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O primeiro dia ainda é parte do ano velho, e um dia que as pessoas tiram para limpar suas casas, se desfazer do que não serve mais e também honrar seus antepassados e os anciões de suas famílias: não à toa, o dia 13 é também o dia dos idosos aqui. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-UmQvAnPTIAo/VUo61HpJglI/AAAAAAAAH-Q/muBCzppErTU/s1600/photo-3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-UmQvAnPTIAo/VUo61HpJglI/AAAAAAAAH-Q/muBCzppErTU/s320/photo-3.JPG" /></a></div><br />
{na foto: khun meé, minha 'sogra' daqui, lavando as mãos da mãe dela com uma água perfurmada de jasmin, para honrar a pessoa mais velha da família e também pedir suas bênçãos}<br />
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O segundo dia é o <i>nao day</i>, dia do meio; não é mais ano velho, mas também ainda não é ano novo. É o dia nacional da família, e também dia de ir aos templos e fazer oferendas aos monges. Na época do Songkran os mercados vendem uma espécie de "cesta" com itens para dar aos monges, como os robes laranjas, incensos, flores. Durante o Songkran vários lugares colocam estátuas do Buda para serem lavadas com a água de jasmin, como forma de oferenda. Detalhe importante é que não se pode molhar a cabeça do Buda, o certo é jogar a água devagar pelos ombros da estátua.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-NbPJbvwuy-M/VUdKjByiYgI/AAAAAAAAH9g/jaO2lm-_srg/s1600/photo-2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-NbPJbvwuy-M/VUdKjByiYgI/AAAAAAAAH9g/jaO2lm-_srg/s320/photo-2.JPG" /></a></div>{na foto: eu e Clarice lavando o Buda que colocaram aqui no prédio} <br />
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O terceiro dia é finalmente ano novo, e eu estava muito empolgada achando que entraríamos no ano de 2559! Eu ia viver de pertinho um ano novo diferente, chegar mais no futuro ainda. Mas o ano não muda [pausa para a musiquinha de "fuén fuén fuéén" ao fundo]. Desde que rolou aquele acordo que falei lá em cima, em 1940, a Tailândia segue o ano novo internacional, e 2559 só vai chegar junto com 2016. #xatiada<br />
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Agora, o mais simbólico de todos esses três dias, o motivo que faz com que turistas encham Bangkok, que pára as ruas e faz a festa da galera é... a água! A água serve para limpar os mau agouros do ano anterior, e assim receber o ano novo com tudo fresco, limpo. Como já vimos, as pessoas lavam as mãos dos idosos, lavam as estátuas, então... por que não lavar uns aos outros também, certo? O Songkran é bem conhecido por ser um festival da água, em que as pessoas jogam água umas nas outras na rua. Arminhas de água (ou armonas, porque tem umas muito grandes), baldes com água, alguns baldes com gelo, mangueiras... a regra é: ninguém sai seco! Algumas ruas são fechadas só pra isso, e tem música, comidas, muita gente na rua, muita animação e muita, muita água [outro dia a gente conversa sobre o desperdício, quem sabe num post sobre a insustentabilidade dessa babilônia chamada Bangkok].<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bZp_I6RfrNA/VUpBM9Pd4jI/AAAAAAAAH-g/1AZnqmdU9Lo/s1600/IMG_2002.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-bZp_I6RfrNA/VUpBM9Pd4jI/AAAAAAAAH-g/1AZnqmdU9Lo/s320/IMG_2002.JPG" /></a></div>{é Songkran em Bangkok, mas quase podia ser carnaval em Salvador}<br />
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Todo mundo joga água em todo mundo: crianças, adolescentes, adultos, guardinhas (sim, os guardinhas!), motoristas de tuk tuk, passageiros nos ônibus... Nem a Clarice escapou: as pessoas vinham com muito jeitinho, faziam cara de "é Songkran, fazer o que?" e <i>splash</i>, davam um respingo de água na pequena. Ela estava lidando muito bem com os três dias de farra, até irmos em uma parte da rua que tinha uns sprinklers molhando todo mundo. Eu amei, fiquei feliz da vida, porque abril é o mês mais quente aqui (e eu gosto só um pouco de uma baguncinha), mas ela não gostou nada dessa história, tadinha. Ficou bem sentida de se molhar toda no meio da rua... mas passou! A ideia agora é voltarmos especialmente pro Songkran daqui uns anos, pra ela poder molhar todo mundo também! <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ok_3kFfSFCg/VUpClxvaHhI/AAAAAAAAH-s/qbkFBrnQhrI/s1600/IMG_2017.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-ok_3kFfSFCg/VUpClxvaHhI/AAAAAAAAH-s/qbkFBrnQhrI/s320/IMG_2017.JPG" /></a></div>{as roupas floridas também fazem parte da tradição, mas não descobri muito bem o por quê. Uma das hipóteses é que é a chegada da primavera. Mas pode ser que não... Veremos.}<br />
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Em alguns lugares do país dizem que as comemorações duram a semana inteira; aqui em Bangkok foram os três dias mesmo. Depois o jeito é andar nas ruas calorentas sem a esperança de que alguém vá te refrescar um pouco com uma arminha de água...<br />
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* o Lói Kratong é só em novembro, então depois eu conto como é!<br />
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-60504541584871771652015-05-06T12:24:00.002-03:002015-05-06T12:26:21.356-03:00mambembe{para ler com <a href="https://www.youtube.com/watch?v=AyIte1h7QIU">trilha sonora</a>} <br />
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toca mambembe, música que descobrimos juntas, e dá pra quase sentir o ventinho frio das manhãs de junho.<br />
o sol batendo na janela, esquentando um pouco o brando inverno de brasília, e você aninhada no meu colo, nos braços ou no sling. bem pequenina, ainda chegando nesse mundo. e mambembe tocando, e a gente dançando na sala.<br />
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a música repete, a dança também. lembro de pensar como era gostosa a sensação de dançar de pijama na sala com você, filha. e como é gostoso poder ouvir a música agora e ter essas lembranças...Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-34879512818379594732015-05-04T06:52:00.000-03:002015-05-06T13:47:30.396-03:00Chegandochegar em bangkok. as letrinhas em thai, que anos atrás faziam algum sentido pra mim, pulavam na minha frente sem eu entender nada. tudo era cansaço, fome, e uma sensação meio surreal de "enfim, estamos em bangkok". <br />
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logo que saímos do aeroporto, minha sensação era de afogamento. que calor, quanto prédio, quanto carro, tem um rio aqui no meio, e essas casinhas, quanto carro, caramba os prédios são grandes mesmo, que calor, isso aqui é uma megalópole!!!, e esse tanto de fio, e essas letrinhas de novo nas placas, será que algum dia vou saber andar por aqui?, o que é isso que estão vendendo no sinal, é de comer?, quanta loja, quanta gente, cadê as cores e os budas?<br />
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hoje já fazem quase 2 meses que chegamos aqui, mas sinto que chego um pouco mais a cada dia. as letrinhas já fazem mais sentido, algumas palavras que ouço também. já sei me virar bem andando de skytrain, mas me confundo ainda nas tantas sóis (ruas) por aí. achei as cores e os budas, o calor aumentou mesmo quando eu achava que não seria possível aumentar, e quase sempre o que estão vendendo é de comer, mesmo. a não ser quando são flores e incensos pras oferendas.<br />
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-HSSSSpuu1V4/VUdA35d2K6I/AAAAAAAAH9M/-rgRjJwCwAM/s1600/IMG_1670.JPG" imageanchor="1" ><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-HSSSSpuu1V4/VUdA35d2K6I/AAAAAAAAH9M/-rgRjJwCwAM/s320/IMG_1670.JPG" /></a><a href="http://3.bp.blogspot.com/-zELMt4b8sxk/VUdA3cIXO2I/AAAAAAAAH9I/LEKO3fEPFjk/s1600/IMG_1671.JPG" imageanchor="1" ><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-zELMt4b8sxk/VUdA3cIXO2I/AAAAAAAAH9I/LEKO3fEPFjk/s320/IMG_1671.JPG" /></a><br />
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muitas vezes me pego pensando numa música querida que diz <br />
"minha pegada se apaga<br />
naquela areia<br />
quem anda em terra alheia<br />
pisa no chão devagar"<br />
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e assim vou, pisando devagar nessa terra. desprendendo um tico do brasil, chegando mais aqui. entendendo melhor os ritmos de bangkok, desafogando do tanto de informação para em seguida ser mergulhada de novo em outras novidades e surpresas... <br />
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-90025298287077778642015-04-03T05:22:00.000-03:002015-04-03T10:58:41.925-03:00Aprendendo Thai - lição 2{post originalmente postado em março de 2012}<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QWihw1kaRpc/VR6cVdDGj2I/AAAAAAAAH78/6rn32qJGEQY/s1600/photo.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-QWihw1kaRpc/VR6cVdDGj2I/AAAAAAAAH78/6rn32qJGEQY/s320/photo.JPG" /></a></div><br />
Relendo algumas coisas no blog achei uma <a href="http://nathcampos.blogspot.com/2009/10/aprendendo-thai-licao-1.html">primeira aula de tailandês</a> aqui, em que eu prometia próximos capítulos. <br />
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Bom. 2 anos e meio depois (haha), eu volto pra terminar a aula. Tinha prometido: ensinar a falar rio (ainda lembro); a lombra dos presidiários (tenho uma vaga ideia, mas nem sei mais como fala presidiário...); e a facilidade de saber os cômodos da casa (esse é fácil mesmo, 2 anos sem thai e eu lembro).<br />
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Papel e caneta na mão? Cara de quem liga muito pra isso pronta?<br />
Vamos lá!<br />
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Rio se fala <i>meé náam</i> (แม่น้ำ) - <i>meé</i> é mãe; e <i>náam</i> é água. Ó que bonito, o rio é a mãe das águas. Lembro que adorei quando aprendi isso, tão simples e delicado... eu gosto.<br />
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Pulemos a parte dos presidiários (quem sabe daqui mais 2 anos eu volto e conto? A esperança é a última que morre...), e vamos pro cômodos da casa. Super fácil!<br />
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Em tailandês, cômodo se fala <i>hóong</i> (ห้อง). Pra cada lugar da casa, então, você vai colocar a palavra ห้อง (<i>hóong</i>) na frente, e depois a ação que você faz no lugar, ou o que encontra lá. <br />
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Quarto é <i> hóong noom </i>(ห้องนอน). <i>Noom</i> é dormir - mas vocês já tinham adivinhado, né?<br />
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Sala de jantar é <i>hóong ahan</i> (ห้องอาหาร). <i>Ahan</i> é comida - sala da comida.<br />
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Sala de estar é legal, porque traz uma palavra bem importante pros tailandeses. Se fala <i>hóong nang lên</i>. (ห้องนั่งเล่น) <i>Nang</i> é sentar, e <i>lên</i> é <b>brincar</b>. Sério, a lição 3 vai ser só sobre o uso do <i>lên</i> เล่น, é muito muito legal.<br />
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E banheiro é <i>hóong náam</i> (ห้องน้ำ). E <i>náam</i> já aprendemos hoje, só olhar ali em cima. ;)<br />
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O único detalhe que falta pras aulas é a diferença dos tons (são 5), mas isso <strike>só com vídeo e áudio</strike> não tem jeito, então usem a imaginação!<br />
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Daqui 5 anos teremos: a magia do <i>lên</i> เล่น e, quem sabe, a tal lombra dos presidiários. Não percam!<br />
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* quer ver a lição 1? Só clicar <a href="http://nathcampos.blogspot.com/2009/10/aprendendo-thai-licao-1.html">aqui</a>! <br />
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-529597666152011222.post-27692213669901154452015-03-19T10:03:00.002-03:002015-04-03T05:20:05.660-03:00Tudo novo de novoE cá estamos, do outro lado do mundo. <br />
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Hoje eu fiquei pensando que pareço criança aqui: fico juntando as letras das placas, perguntando "o que significa isso?", quando não entendo uma palavra, e mostrando feliz da vida quando decifro a placa na minha frente (mesmo que seja a de pare). Ando também cheia dos por quês. Por que tem essa casinha pequena do lado de fora? Por que alguns lugares tem duas casinhas? Por que enchem o tanque de água do banheiro devagarinho e não de uma vez? Por que comem com colher e garfo? <br />
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E aí percebi que me dispor a morar nesse outro lado do mundo, com suas tantas diferenças e outras tantas semelhanças, me colocou de fato na condição de infância - a infância da novidade, do desconhecido, do surpreendente. A infância que ri de cada pequena conquista, que se enrola pra falar o que quer, que se cansa de tanta coisa pra ver e aprender, que se encanta com as novas belezas. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KmBEraRDGvg/VR5LyqAnOAI/AAAAAAAAH7s/WdhXJXoND_k/s1600/IMG_1573.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-KmBEraRDGvg/VR5LyqAnOAI/AAAAAAAAH7s/WdhXJXoND_k/s320/IMG_1573.JPG" /></a></div>Unknownnoreply@blogger.com2