Pular para o conteúdo principal

domingo

Pequena crônica de uma manhã de domingo

“Mãe, vamo andar de bici?”
Vamos, claro, deixa só eu dar um mamá pra elisa que ela tá chorando.
Opa, fez cocô, vou trocar. Ixi, vazou de novo, será que a fralda tá pequena? Será que não to colocando direito? Troca, limpa, pega outra roupa, eita nariz tá sujo, limpa também, ai esse olho não para de remelar, faz nota mental para marcar a pediatra desse mês e outra nota mental para lembrar de perguntar do olho. Tudo limpo, só colocar no sling agora, filha.
Abre o tecido, vai colocando, “olha mãe, você é um camelo, vou te levar pra passear”, enquanto puxa o tecido. Pera, filha, solta aí, vou colocar elisa. Decifra o tanto de pano, olha pra baixo: tudo torto. A Nathália de antigamente, deusa dos slings, rainha das amarrações, poderosa do colinho, me julga fortemente. Tira bebê, desamarra pano, começa tudo de novo. “Mãe, esse pano é lindo, parece um vestido”, enquanto se enrola no que sobra de pano. Filha, preciso colocar pra gente ir andar de bici, aguenta aí. Coloca o sling, coloca bebê. Faz nota mental pra procurar uns vídeos de amarração de sling porque socorro eu fazia isso com o pé nas costas. Tá menos torto, dá pro gasto, bora que elisa já começou a chorar.
E ainda tem uma festa de aniversário de tarde.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fiando junto

tem vezes que a vida parece um novelo de lã embaraçado, todo enrolado. cores misturadas, fios que começam sabe-se lá onde, e que parecem não ter fim. vez ou outra, ao ver a bagunça toda, dá vontade de arrumar. organizar, desembaraçar, tentar pelo menos saber quais lãs tão ali no meio. é uma tarefa delicada, que exige paciência. desenrola de um lado, mas enrola do outro; tenta achar o fio da meada, mas ops, perde de novo. e aí vem uma "fiadora". ela que segura o novelo enquanto eu desenrolo, olhando fundo no meu olho, sem recuar, me lembrando também da beleza que existe no caos. e vamos assim, fiando juntas as tramas e bagunças dessa vida que é tanta.

Aprendendo thai - lição 1

Aprender tailandês é uma aventura sem fim - eles têm mil letras diferentes pra um mesmo som, regras sem pé na cabeça, significados distintos (às vezes MUITO distintos) para palavras idênticas, mas com tons diferentes, e um alfabeto desenhadinho que dá a maior trabalheira pra aprender. Mas é uma língua muito poética, simples à sua maneira, e que revela muito do jeito de ser e pensar do seu povo. Quer ver? ใจ(djai) significa literalmente coração, e tem milhões de usos e significados. Por exemplo: Se você entende alguma coisa, você fala que เข้าใจ (khaw djai). เข้า (khaw) é entrar, ou seja: entender é entrar no coração . Tá triste? เสียใจ (sia djai) - เสีย (sia) significa estragar, estragado. Tristeza, então, é um coração que precisa ir pro conserto. E é assim com tudo: confuso é quem troca de coração (plian djai - เปลี่ยนใจ); benevolente tem o coração bom (dii djai - ดีใจ ); aliviado é quem tem o coração desobstruído, livre (glong djai - คล่องใจ); agonia é ter o coração pequeno (nói dja

Parto da Clarice

escrevi esse relato há dois meses, mas só agora deu vontade de compartilhar por aqui. então... senta que lá vem história. O parto é uma aventura, e uma experiência. Experiência é uma palavra que usei muito nos últimos meses, ficou impressa várias vezes no meu outro parto, da dissertação. Eu falo que experiência é uma coisa que atravessa a gente, e cujo desfecho é necessariamente inesperado. Na sua raiz, experiência traz a origem, o inesperado e o perigo. Assim foi o parto da Clarice. Todas as outras vezes que comecei a escrever esse relato (e foram algumas), eu me detive na ordem das coisas, e nos números: quantos cm de dilatação, qual o intervalo das contrações, que horas eram, qual a sequência dos fatos. E o relato ficava ali, travado e parado. Eu querendo justificar, mensurar, explicar o que na verdade não tem explicação nenhuma. Então eu desapeguei. Me entreguei, como tenho tentado fazer todos os dias dos últimos quatro meses. Como tentei também durante a gravidez, como acho