eu adoro minha função “porteira” na escola; adoro dar bom dia, boa tarde, oi e tchau pra todo mundo, adoro cumprimentar as pessoas, adoro ver as crianças chegando com as carinhas de sono, pressa e animação e indo embora cheias de terra e histórias. adoro ver o quintal ganhando vida, observar as professoras recebendo cada um com um sorriso tão grande e tão sincero, ver os amigos se abraçando felizes. e adoro olhar os detalhes: as flores, os vidrinhos coloridos refletindo o sol, os calangos passeando, as frutas crescendo. e às vezes olhar pra cima e lembrar de respirar e agradecer. e respirar mais um pouco. 💙
{escrito em julho de 2015} bangkok tem um cheiro muito peculiar, que toda vez me intriga e me faz querer tentar descrever. não é um cheiro que se sente toda hora, e nem em todo lugar. mas todas as vezes que o cheiro vem, é inconfundível: cheiro de bangkok. é um cheiro acre, e olha que eu acho que nunca tinha usado essa palavra antes, a não ser pra falar do estado. mas é a única que me vem à cabeça quando penso nesse cheiro. é forte, é perfurante. não é um cheiro bom, já que lembra esgoto e comida estragada, mas por incrível que pareça também não é um cheiro ruim. parece impossível, mas apesar da combinação incômoda e nada perfumada, não chega a ser um fedor óbvio. talvez seja porque ele chega sem aviso, e logo passa. vem como um sopro, quase, só que intenso. às vezes acho que ele vem pra me lembrar que estou aqui, pra não me deixar enganar pelos shoppings e pelos ares cosmopolitas: eu não estou em qualquer grande cidade do mundo. eu estou em bangkok.
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