quando eu engravidei a gente morava em um apartamento de dois quartos que tinha sido reformado pra ser um quarto só - um quarto bem grande, com uma escrivaninha imensa na ponta, uma amplidão que só vendo. e uma das primeiras coisas que pensamos foi: "o bebê vai precisar de um quarto!" (falo sobre essa ilusão em outro post depois, vamos por partes).
começamos então uma pequena reforma pra levantar a parede e dividir o quarto em dois, e esses dias pensei nessa história e lembrei da angústia que isso me deu. lembro de um dia deitar na cama e chorar, me sentindo claustrofóbica e apertada. acho que na verdade aquela parede, além dos enjoos e da barriga crescendo, materializava a mudança imensa que estava acontecendo, toda a transformação que estava por vir. era uma das primeiras concessões que o meu eu-mãe fazia ao bebê, e acho que me fez pensar em todas as outras coisas que eu abriria mão, em tudo que nunca mais seria o mesmo.
hoje, vejo como foi bom eu ter tido esse tempo de chorar pela nova parede, pelo espaço perdido, pela rede de proteção na janela que me impossibilitaria colocar a cabeça pra fora se eu quisesse, por todas as inseguranças e medos e tudo mais que veio como um furacão na gravidez. é incrível sim gerar uma vida, mas é também assustador, e acho importante termos tempo e espaço pra lidar com tudo que não são flores.
[mais um texto antigo que só que vou publicando pra retomar o blog; escrito em setembro/2016]
começamos então uma pequena reforma pra levantar a parede e dividir o quarto em dois, e esses dias pensei nessa história e lembrei da angústia que isso me deu. lembro de um dia deitar na cama e chorar, me sentindo claustrofóbica e apertada. acho que na verdade aquela parede, além dos enjoos e da barriga crescendo, materializava a mudança imensa que estava acontecendo, toda a transformação que estava por vir. era uma das primeiras concessões que o meu eu-mãe fazia ao bebê, e acho que me fez pensar em todas as outras coisas que eu abriria mão, em tudo que nunca mais seria o mesmo.
hoje, vejo como foi bom eu ter tido esse tempo de chorar pela nova parede, pelo espaço perdido, pela rede de proteção na janela que me impossibilitaria colocar a cabeça pra fora se eu quisesse, por todas as inseguranças e medos e tudo mais que veio como um furacão na gravidez. é incrível sim gerar uma vida, mas é também assustador, e acho importante termos tempo e espaço pra lidar com tudo que não são flores.
[mais um texto antigo que só que vou publicando pra retomar o blog; escrito em setembro/2016]
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