Pular para o conteúdo principal

Free School 3 - como funciona?

Pra explicar um pouco a escola, vou contar do começo: de como os pais matriculam os filhos, como é o começo do ano letivo, quais são as regras da escola, essas coisas. Se preparem pra muitos parênteses, talvez alguns desvios e grandes chances de muitas perguntas a serem respondidas em outros posts.

Se você tiver interesse na Free School, vai preencher um formulário pra entrar na lista de espera deles. As crianças podem começar a partir dos 3 anos, e a escola vai até os 14 (Junior High, antes do Ensino Médio). Quando tiver uma vaga na turma que você quer {depois eu explico sobre essa história das turmas!}, eles entram em contato. Você e seu filho vão então na escola, conhecer e conversar com os professores. Se continuarem interessados, seu filho vai ter um tempo de experiência, antes da matrícula: 3 dias para as crianças da pré-escola, e 5 dias para todos os outros. Se depois desses dias, você E seu filho ainda quiserem a escola, matrícula feita e a conversa sobre quanto você pode pagar da mensalidade. Esse "e" ali em cima tá destacado porque é uma das regras deles: a criança tem que querer estudar na escola. Não adianta ser uma vontade dos pais apenas, porque senão vira um sistema de obrigação como qualquer outra escola, e a proposta é justamente mudar isso.

Matrícula feita, vamos começar o ano letivo. Antes: lá não tem uniforme (acho que quase nenhuma escola dos EUA tem, a não ser as particulares muito chiques - me corrijam se não for isso!), e a escola oferece todas as refeições (café da manhã, lanche, almoço e outro lanche; me lembrem de escrever um post só sobre as refeições, é uma parte essencial da escola!); os livros são subsidiados pelo estado, apesar da escola não ser registrada e não seguir o currículo oficial e nem os testes obrigatórios (são muitos nos EUA). Então você tem que praticamente só levar seu filho mesmo.

A escola é dividida em turmas, agrupadas mais ou menos de dois em dois anos. Cada turma tem um professor responsável, e uma sala-base (homeroom). Umas duas vezes por semana a turma se reúne para falar sobre as atividades que estão acontecendo, conversar e também bolar e decidir sobre a excursão que vão fazer naquele ano - todo ano, cada turma decide um lugar para visitar, e as crianças têm que organizar tudo. Mas eu explico mais sobre isso quando for falar dos projetos e atividades da escola, senão não vai dar certo.

No começo do ano, os professores das turmas fazem uma entrevista individual com cada criança, para saber seus interesses, o que querem aprender, quais os objetivos que têm e que lugares gostariam de visitar (para as excursões). No final da primeira semana, todos os professores se reúnem, com todos os interesses e vontades de todos os alunos, e partem pro gostoso desafio de montar o quebra-cabeça, juntando o que os alunos querem, o que os professores podem oferecer, o que os pais e a comunidade podem ajudar, e assim montam os horários.

A escola tem vários combinados e regras; na parede do Big Room, onde acontecem as reuniões, tem um papel grande com os combinados escritos, e um aviso: nem todas as regras estão listadas!


As 'maiores' regras, segundo minha interpretação do que vi e ouvi, são: qualquer pessoa pode pedir uma Assembleia (Council Meeting) a qualquer momento, e todos têm que comparecer, parando o que estiverem fazendo. A participação nas reuniões de atividades, que acontecem toda segunda-feira de manhã, também é obrigatória. Quando alguém fala pra outra pessoa parar de fazer alguma coisa, essa pessoa precisa parar, e nenhum tipo de violência é tolerado.

(foto: Sophia, 11 anos)

Inclusive, no meu primeiro dia lá, logo depois do almoço, uma assembleia foi chamada por uma menina de 13 anos - mas vou contar tudo em um post só sobre as Assembleias, porque são muitos detalhes e coisas interessantes. Então acho que essa terceira parte termina aqui, e na próxima eu começo falando das tais council meetings.

(pra quem pegou o bonde andando e quer saber o começo da história, garanta seu lugar na janelinha aqui, aqui e aqui).





Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
Obrigada querida!
Estou aguardando os proximos capitulos!!! bjs

Postagens mais visitadas deste blog

cheiros

{escrito em julho de 2015} bangkok tem um cheiro muito peculiar, que toda vez me intriga e me faz querer tentar descrever. não é um cheiro que se sente toda hora, e nem em todo lugar. mas todas as vezes que o cheiro vem, é inconfundível: cheiro de bangkok. é um cheiro acre, e olha que eu acho que nunca tinha usado essa palavra antes, a não ser pra falar do estado. mas é a única que me vem à cabeça quando penso nesse cheiro. é forte, é perfurante. não é um cheiro bom, já que lembra esgoto e comida estragada, mas por incrível que pareça também não é um cheiro ruim. parece impossível, mas apesar da combinação incômoda e nada perfumada, não chega a ser um fedor óbvio. talvez seja porque ele chega sem aviso, e logo passa. vem como um sopro, quase, só que intenso. às vezes acho que ele vem pra me lembrar que estou aqui, pra não me deixar enganar pelos shoppings e pelos ares cosmopolitas: eu não estou em qualquer grande cidade do mundo. eu estou em bangkok.

Parto da Elisa

41 semanas completas. Tinham sido 3 dias de contrações que iam e vinham, acupuntura, chás, caminhadas, tampão mucoso saindo... e nada de bebê. Encasquetei que eu precisava comprar uma cesta pequena de vime pra guardar qualquer coisa, virou imprescindível. Fomos então atrás, e tudo que eu pegava na loja gerava um questionamento do marcel. Enquanto isso, na escola, toda uma vida acontecendo, e ao invés de ter ido eu tava ali sendo temperada na ansiedade sem fim. Desisti de todas as compras e chorando falei que só queria ir pra casa. Minha vontade era de entrar numa toca, ficar quieta. Mas tinha que fazer ecografia e cardiotoco, então fomos pra maternidade. “acho que a bebê tava dormindo, vamos precisar repetir o exame porque ela não mexeu”. Tomei glicose na veia, já em frangalhos, e fiz o exame chorando. Será que estava tudo bem? Dessa vez ela mexeu, a ecografia tava ótima e mesmo assim o médico plantonista falou que 41 semanas era pra já nascer, que mesmo o bebê bem começava a ficar arr...

domingo

Pequena crônica de uma manhã de domingo “Mãe, vamo andar de bici?” Vamos, claro, deixa só eu dar um mamá pra elisa que ela tá chorando. Opa, fez cocô, vou trocar. Ixi, vazou de novo, será que a fralda tá pequena? Será que não to colocando direito? Troca, limpa, pega outra roupa, eita nariz tá sujo, limpa também, ai esse olho não para de remelar, faz nota mental para marcar a pediatra desse mês e outra nota mental para lembrar de perguntar do olho. Tudo limpo, só colocar no sling agora, filha. Abre o tecido, vai colocando, “olha mãe, você é um camelo, vou te levar pra passear”, enquanto puxa o tecido. Pera, filha, solta aí, vou colocar elisa. Decifra o tanto de pano, olha pra baixo: tudo torto. A Nathália de antigamente, deusa dos slings, rainha das amarrações, poderosa do colinho, me julga fortemente. Tira bebê, desamarra pano, começa tudo de novo. “Mãe, esse pano é lindo, parece um vestido”, enquanto se enrola no que sobra de pano. Filha, preciso colocar pra gente ir andar de bic...